Hapkido: The Ultimate Self Defense II
- Dae Han Cruz
- 12 de set. de 2015
- 6 min de leitura

Sem querer entrar em assuntos desconexos, genealogias intermináveis e polêmicas que para nada aproveitam, falarei do Hapkido absorvido por mim ao longo dos anos e que veio a se consolidar dentro do Hapkido Jin Jung Kwan.
Portanto, outras escolas não serão citadas aqui (e provavelmente em nenhum outro local além do objetivo compartilhar minha vivência pessoal), de forma que não há motivos para barafunda alguma.
O Hapkido descendente na grande maioria dos casos, direta ou indiretamente (mas não somente), de uma arte marcial japonesa chamada Daito-Ryu Aikijujutsu que tem suas origens por volta de aproximadamente 900 anos atrás advindo da linhagem de Shinra Saburo Minamoto Yoshimitsu, tendo herdado o nome “Daito” da mansão onde ele residia quando criança, na província de Omi, atual Shiga.

O Daito-Ryu foi propagado pelo célebre Takeda Sokaku pelo Japão e um de seus mais renomados alunos foi Morihei Ueshiba.
Chegou à Coréia depois da rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial, através de Yong Sul Choi, um empregado de Takeda e teve diversos nomes: Yawara, Daedong Ryu Yusul e YuKwonSul.
Teve grande difusão com Ji Han Jae que adicionou técnicas de ataques e participou de diversos filmes inclusive com Bruce Lee (The Game of The Death – 1972).
Houve uma grande adição de técnicas de acordo com a experiência dos alunos de Choi e Ji, trazendo para arte formas, ataques de punho e pernas e diversas armas o que fez do Hapkido uma arte mais que eclética.
Para mais informações sobre seu histórico e influências, pode-se consultar a internet que possui histórias e contos de todos os modos e de todas as formas, de acordo com quem conta.
Como diz aquele ditado: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”.
O Hapkido em si é uma arte muito dinâmica que dependendo da escola pode mais ou menos elementos, mas em todas estão presentes as seguintes disciplinas: - Torções (Kkeokkgi)
- Projeções (Deonjigi)
- Técnicas de Braço (Sugisul / Kwon Sul)
- Técnicas de perna (Balgisul / Bal Chagi)
- Técnicas de Queda (Nak Beop)
- Técnicas de respiração (Danjeon Ho Hop)
- Técnica de Armas (MukiSul)

A postagem chama o Hapkido de defesa pessoal “definitiva”. Por quê?
Atualmente, os praticantes de artes marciais têm se voltado para um ramo moderno competitivo chamado MMA.
Envolto em grande publicidade e estímulos financeiros tanto em preparação quanto em prêmios, vem angariando grandes adeptos provenientes tanto de Artes Marciais tradicionais como o Judô e Muay Thai como neófitos dentro desse mundo.
Longe desse comentário ser uma crítica ao MMA em si (creio que há espaço pra ele também), mas creio se fazer necessário colocar o MMA em outro nicho: o de esportes de combate.
Porque fazer essa diferenciação?
Por que os objetivos são exponencialmente diferentes.
É simples o conceito de desporto e mais simples ainda o de defesa pessoal.
Ambos podem até caminhar juntos, mas ao se dedicar a um deve-se esquecer o outro.
Note, estou falando de defesa pessoal. Defesa de outras pessoas. Defesa da vida.
É bem sabido que esportes de combate NUNCA irão preparar um individuo para uma situação de defesa pessoal onde muitas das vezes a vida está em jogo.
Isso não depende de técnicas apenas, mas também de dois componentes: estado de permanente alerta e conteúdo emocional.
Mas, quer dizer que isso não existe dentro de um ringue? Sim. Existe. Mas quando que sua vida estará em risco dentro de um ringue ou numa competição onde estão presentes árbitros e médicos e as regras são estabelecidas exatamente para a segurança dos competidores?
A realidade de uma luta ou briga vai além dos golpes ou técnicas. Ela inclui estado de alerta e conteúdo emocional de forma CONTROLADA, o que significa dizer que as artes marciais estão em patamar acima dos esportes de combate, pois se você não possui controle de emoções e atenção pode-se até ganhar uma competição mas NUNCA um embate real.
"Yeah, bitch....It's a fuckin' fight!"
Dentro do Hapkido aprende-se exatamente esses dois conceitos de alerta e emoção de forma controlada.
Mas um esporte de combate também pode ensinar a controlar suas emoções e entrar em um estado de alerta. Pode se estamos pensando em CONTROLAR e não em EXACERBAR ou INCREMENTAR o estado de alerta e emocional.
Ao estarmos nesse estado de alerta NÃO FOCAMOS UMA AÇÃO ESPECIAL mas entramos numa atmosfera onde nos tornamos uma antena ou um radar que observa e previne qualquer investida à nossa segurança mesmo antes de acontecer.
Isso pode se traduzir no que se chama consciência situacional, onde ao adentrarmos em um local podemos perceber em detalhes uma atitude de agressividade ou de perigo facilmente apenas por estarmos presentes.
Dentro do Hapkido esse tipo de alerta é bem direcionado através de treinamentos específicos que podem englobar técnicas de Jase, Makki, Kkeokgi ou Danjeon Ho Hop de forma “meditativa” dentro de seqüências não pré-determinadas.
Isso em si não parece ser grande coisa. Porém quando se aprende o que vem a ser controle emocional dentro da perspectiva de combate real, o Hapkido se torna o que chamamos de definitiva defesa pessoal.
Aqui cabe uma ressalva.
Pode parecer que os praticantes mais avançados e sérios estejam treinando e ensinando algo completamente dissonante ao que as artes marciais são conhecidas atualmente, ou seja, como um meio de educar, abandonar a violência e forjar cidadãos de bem. Mas tenhamos em mente o que preço da autodefesa e da autopreservação é usar de vias muitas das vezes não tão agradáveis a ninguém. Ademais, se você está disposto a tirar uma vida ou agredir alguém deve estar preparado para receber sua justa contrapartida.

Com toda certeza, todos nós queremos que nossos entes queridos voltem para a segurança do lar a despeito do mundo de violência em que vivemos. Não sejamos hipócritas.

O conteúdo emocional visa o domínio de todo ambiente em volta de forma que desestimule qualquer agressor a iniciar uma ação ou, depois de usarmos nosso emocional dentro de uma defesa continue, ele ou outro agressor a tentar uma investida.
Isso significa que pode parecer que estamos loucos ou profundamente enraivecidos como um animal irracional. O controle do conteúdo emocional pode transformar um débil jovem em um espartano irracional.

Mas como deve ter lido em outro parágrafo acima isso é plenamente CONTROLAVEL, o que significa dizer que no segundo anterior ou posterior ao embate, pode-se mudar esse conteúdo para o que normalmente o é.
Dentro do Hapkido troca-se a força pela velocidade e o encadeamento das técnicas se faz necessário.
Aprende-se a necessidade de limites tanto para quem é jabki ou susinki e isso é imponderável.
O Hapkido volta-se unicamente para a defesa pessoal e para isso utiliza de golpes por demais traumáticos nos pontos mais sensíveis do corpo humano, faz valer-se de técnicas lesivas de torções e quedas não usuais, o que vai completamente contra aos preceitos de um esporte.
Não há outra forma de se treinar que não seja essa. Não há outra forma de se portar ou pensar.
Em uma situação de embate real, pode-se esperar por ossos e dentes quebrados senão coisa pior, igualmente a outras artes marciais como o Karate ou Taekwondo.
O verdadeiro Hapkido possui a característica de poder defender a pessoa de forma realística, não importando se é por torção, soco ou chute.
O verdadeiro Hapkido pode fazer frente a qualquer agressão desarmada.
O verdadeiro Hapkido não segue a linha do amor, da proteção ou de disciplina quando a defesa pessoal passa a ser o fator principal.
Ao se afastar do verdadeiro Hapkido como fizeram a maioria dos atuais praticantes, perde-se o real valor dessa arte. Muitos praticantes vendem faixas e se tornam competidores de esportes de combate e esquecem do verdadeiro motivo de ser do Hapkido: a defesa pessoal real.
Referi-me ao MMA por ser o mais atual, mas poderia me referir a qualquer esporte de combate que tem o seu valor até mesmo dentro da defesa pessoal, mas limitada.
Os esportes podem ser boas ferramentas para o bom condicionamento físico, força e agilidade, mas jamais poderá preparar a mente do praticante ao verdadeiro cenário de um combate real onde não há regras pré determinadas e onde a covardia e a maldade humanas podem ter a vazão que o mal precisa para fazer mais uma vitima desavisada.

Hapkido: Consciência Situacional, Controle Emocional.
The Ultimate Self Defense!
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